terça-feira, agosto 30

Designer: seu papel social

Começar a falar de uma coisa nova é sempre difícil. Achei que seria interessante começar falando da minha descoberta do design “social”. Estava terminando minha graduação na UFRJ em 99 me via em meio a um mar de dúvidas e insegurança quanto ao meu futuro profissional. Navegando as incertezas, pelo menos uma coisa eu sabia: em nenhuma hipótese eu trabalharia convencendo pessoas a comprarem o que eu mesma não compraria. De alguma maneira, esta única certeza acabou por nortear meu caminho e me aproximei do campo da pesquisa.

Conheci alguns designers que estavam procurando uma maneira de desenvolver trabalhos que contribuíssem na busca de soluções para os problemas sociais num evento do ICOGRADA e da ONG Design For the World em dezembro de 2002. Foi muito interessante perceber que o que motivava todas aquelas pessoas não era somente altruísmo, como a princípio imaginava, e sim, sentir-se integrante de um processo de mudança de paradigmas, sentir-se bem por fazer algo bem e bom, expressão de sua ideologia. Parece um pouco anacrônico falar em ideologia em tempos pós modernos. Porém, considero que qualquer profissional que se aproxima da área de utopias sociais, está bastante imbuído de idéias de respeito a vida, valorização os direitos humanos e a sustentabilidade ambiental. Em outras palavras para falar em design social, ou melhor, Design Socialmente Orientado, inevitavelmente abordamos conceitos como ética e responsabilidade profissional.

É natural que conceitos novos tragam idéias motivadoras, muita crítica e também muitas controvérsias. Acredito que para chegarmos a uma conceituação que respalde o florescimento de uma emergente área de conhecimento dentro do design é preciso passar pelo conceito de comunicar. Designers, de qualquer vertente, configuram a cultura material –visual ou de produtos- de sua sociedade. Conseqüentemente, designers transmitem idéias, valores e conceitos que afetam as ações, as opiniões, a conduta e o conhecimento dos usuários (também conhecidos como consumidores!). Para mim, nada mais natural do que conceber este como um processo de comunicação. Admitindo que nossa tarefa é, antes de mais nada, COMUNICAR a mensagem (ou ideologia!) do cliente (emissor) para seu consumidor (intérprete), a noção da responsabilidade profissional e ética ficam bem mais evidentes.

Avançando um pouco neste raciocínio, não seria um equívoco dizer que educamos os consumidores. E um pouco mais grave: educamos os consumidores persuadindo-os a consumir o que querem os nossos clientes. Tá bom, nem todas as áreas do design estão voltadas à ativação do mercado de consumo, afinal existe o design da informação, o design de equipamentos médicos e para deficientes físicos, design de sinalizações e etc., o que deixa bem claro que o designer projeta uma interface entre um indivíduo e o mundo que o cerca, sua função é facilitar a vida das pessoas.

Acredito que para começar qualquer discussão sobre Design Socialmente Orientado é necessário que tenhamos consciência de que o fruto do nosso trabalho contribui, mesmo que com uma pequena parcela, para a configuração de nossa sociedade. É necessário que tenhamos claro que tipo de sociedade ajudamos a configurar. Você está satisfeito com sua sociedade? Você está satisfeito com o que seu trabalho transmite?

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Texto publicado no Cônico - Informativo do CONE Design (Conselho Nacional de Estudantes de Design) - Dezembro de 2004

2 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Fala Bi... Nunca tinha visto um comentário com propaganda em Blog. E para site de encontros. Hahaha.

Adorei o artigo. Gostaria de discutir mais sobre o assunto. Parabéns pela iniciativa. Tenha certeza de que pensamos de uma maneira semelhante.

Grande Beijo

sexta-feira, 23 setembro, 2005  
Anonymous Anônimo disse...

Amiguinho me senti muito enganada com seu blog não me leve a mal, mas na montanha de material que o google aponta sobre design social, as pessoas só se preocupam de falar delas mesmas o que é um saco.Se seu blog é sobre design, fale sobre design invés de gastar o acesso de pessoas interessadas sobre informção com seu mundo particular

sexta-feira, 24 abril, 2009  

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